O POETA E OS IPÊS AMARELOS

Quisera eu compreender a beleza dos ipês amarelos,

que ousam colorir o agosto sem esperar a primavera.

Nas matas, solitários e belos, assistem ao meu olhar,

inebriado, enfeitiçado, sem entender-lhes o propósito.

Ostentando os encantos, ainda que presos às raízes,

sorvendo seiva do solo bruto, alçando galhos ao alto,

será que sonham levar as suas flores ao firmamento,

antes que elas murchem e caiam atapetando o chão?

Será que antecipam a sua chegada, antes das outras

belas, no afã de enfeitar as agruras secas de agosto?

Ou florescem mais cedo para ver perdurar seu sonho?

Triste sina a dos ipês, se jamais eles tocarão o céu,

é como sina de poeta, colorem de poesia, os sonhos,

antes que eles esmaeçam, trazendo triste desilusão.

Em versos brancos traça rumos, rotas de esperança,

cismando, busca entre estrelas o brilho do amor real,

fantasiando e sublimando as dores dos amores vãos.

Triste sina, jamais tocará as estrelas preso ao chão.

Celêdian Assis
Enviado por Celêdian Assis em 30/08/2010
Reeditado em 16/02/2014
Código do texto: T2467532
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