PÓS-ADOLESCÊNCIA III (Mar Vermelho)

Da minha janela

enxergo um grande mar

calmo e onipresente

que me chama pra mergulhar

em sua água salgada e quente.

E me ponho em dúvida

se devo, se posso...

- se quero -

nele estar.

Não posso acreditar

que nele haja serpentes vorazes,

Maremotos fatais

ou monstros inimagináveis.

Mas posso supor...

Então me ponho a pensar

no calor daquela água

na beleza dos seus peixes

na luz difusa em mil feixes

numa paz doce e vaga.

E, quando tomo minha decisão

- que nem mesmo sei qual é -

tiro minha roupa,

desnudo meu pé

e vou ao encontro deste mar

dar-lhe a resposta de seu convite.

Mas, acredite,

só encontro uma areia

fofa e úmida

e uma imensidão

- um vazio -

imensurável.

Inacreditável !

Nunca saberei o que havia

em suas águas

porque, enquanto minha alma

se calou

meu mar

secou.

Marcelo Lopes
Enviado por Marcelo Lopes em 14/06/2005
Reeditado em 14/06/2005
Código do texto: T24606
Classificação de conteúdo: seguro