PÓS-ADOLESCÊNCIA III (Mar Vermelho)
Da minha janela
enxergo um grande mar
calmo e onipresente
que me chama pra mergulhar
em sua água salgada e quente.
E me ponho em dúvida
se devo, se posso...
- se quero -
nele estar.
Não posso acreditar
que nele haja serpentes vorazes,
Maremotos fatais
ou monstros inimagináveis.
Mas posso supor...
Então me ponho a pensar
no calor daquela água
na beleza dos seus peixes
na luz difusa em mil feixes
numa paz doce e vaga.
E, quando tomo minha decisão
- que nem mesmo sei qual é -
tiro minha roupa,
desnudo meu pé
e vou ao encontro deste mar
dar-lhe a resposta de seu convite.
Mas, acredite,
só encontro uma areia
fofa e úmida
e uma imensidão
- um vazio -
imensurável.
Inacreditável !
Nunca saberei o que havia
em suas águas
porque, enquanto minha alma
se calou
meu mar
secou.