Segredo dos mortos

O segredo permanece no silêncio dos mortos

Como uma estanha confissão dos ventos

Onde as folhas caem belamente

Exalando uma paz reflexiva de outonos

Formando um piso marrom

- putrefato e rico

do que foi vivo, aflorado

por tantos outros passados, reféns de histórias

Estas, bem guardadas no cimento e cal

Bem arado num novo quintal de flores...

E é lá de baixo que eles respondem:

“morrer não dói”

Aprisiona na lembrança nostálgica dos que continuam,

Inutilmente tapando as dores,

Se recompondo em outros nomes;

De que forma mesmo podem se mover?

Afogados no medo do próximo passo?

Em descompasso ao depois, e depois?

A primavera deve responder...

Com suas diversificadas flores

Enquanto à noite vivem sozinhas a beleza

da fase, tão atrelada à solidão

E dona de uma incrível subjetividade,

mas nada podem revelar!

O segredo permanece no silêncio torto...

Enquanto os ‘sopros’ tratam de avivar

a confissão dos mortos, lentos e ávidos

de cova , terra e como se não bastasse,

Incertos em suas capacidades de resistência.

s7

2010

Shauara David
Enviado por Shauara David em 25/08/2010
Código do texto: T2459485
Classificação de conteúdo: seguro