ÁRVORE DO TEMPO

Nos somos um só corpo e um só espírito,

Eu e você Árvore-velha-encantada,

Uma paisagem tão escura perdida numa tela,

Uma tela sem arte e sem cor,

Mas que reflete a dor de um artista.

Não é bom Árvore-velha-encantada

Que depois de tantos anos

Só me destes furtos de eterna agonia,

Mas a agonia que depois sinto

Transforma-se em sonhos de esperanças

De um desejo maciço e sem receio.

Mostre as sementes de um novo-velho-amanhã

Para que eu possa plantar na sala de estar,

Porque lá tudo parece tão frio,

E tudo é tão frio...

Mas a arvore que nascer dessa semente

Não se chamará mais Árvore-velha-encantada,

Que desabrochou para o vento lhe levar,

Chamar-se-á Árvore-de-um-novo-amanhecer

E carregará nos galhos somente um furto.

Este fruto não terá sementes nem flores,

Só cairá na boca de um faminto

Que não sente fome, nem sede, nem sonho...

Marcelo de Lima Cruz
Enviado por Marcelo de Lima Cruz em 12/08/2010
Código do texto: T2432831
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