PALAVRAS DE AMANHÃ
“Eu sei que determinada rua que eu já passei/ Não tornará a ouvir o som dos meus passos/ Tem uma revista que eu guardo há muitos anos/ E que nunca mais eu vou abrir” (Raul Seixas)
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Naquela rua que não fui
Guardava um segredo
Lição que não aprenderei
Sonho não tido
Uma sede de goteira de uma chuva de verão futura
Uma fome de fruta ainda semente
Livro que pulei páginas pares
Texto que dobrei ao meio e juntei aleatoriamente com outro
E fiz um enredo todo torto e sem sentido
Mas que deu poesia
Fim de história e tudo ainda pelo meio
Ares de primavera
E é inverno
Frutas que não maduraram, comida verde
Flores que não falarei
O excesso do doce onde me lambuzei um dia
Agora é abelha que revoa
Aquele conselho que não levei a sério
O beijo que não dei em meu pai
O não assimilado
O livro nunca lido por ninguém
Assim sou
Pedra que não rolou da ribanceira
À espreita