DA INUTILIDADE DO VERSO
Ah, verso inútil...
Afasta-te de mim!
Rondando minh'alma
- Noite e dia -
Ansioso a saltar pela boca
Em gritos estridentes
De declarações sofríveis...
Atente aos fatos!
Não vês que a eloquência
Silente, em insolente afronta,
Não perceber-te-á - jamais -
A intenção primeira?
Ah, verso inútil...
Afasta-te... Imploro!
Pois, mesmo que o inusitado ocorra,
Admitir o teu intento seria permitir a abertura
De um caminho que não tem esquinas...
(Lena Ferreira)
0408/2010