O Jogo
Quem foi acreditando-se lúcido
em afagar fatos do desejo?
- Apenas acorda às causas.
O milagre? – Narrar em transe no ventre
de uma tempestade e nem se dar conta
de ter consentido a esta,
pequenos atos de fúria.
Ainda não intuía da paixão o fogo.
E se o amado for terno?
- Deriva cigarras com sono. E há fome
nesses corpos e formigas.
À prosa mandam-se verdades
por metáforas (uns versos desarticulados)
porque no jogo as palavras
nunca se dizem o tudo justo.
Um quê em quem ama sempre tem pressa!
- Todavia breve os apaziguamentos:
o sonho dos justos acorda sustos
e o que desperta tem que seguir...
E leva os restos de um ser (completamente)
esquartejado.