Adentro, Adentro!
Da nau içado o estribo
correndo adentro, adentro
bate no ventre arribo
febril corrente adentro.
Esquerda nem direita
girando para o centro
a bússola maleita
avança presto adentro.
Dentro copiosas hortas
perfumes, livros velhos
portas que abrem portas
mais salas com espelhos.
Dentro palácio de ouro
talvez torre, brinquedo
sol-pôr de raio louro
brilha no sino ledo.
Damas e cavaleiros
fontes, mouchos honestos
de pedra nos cruzeiros
bosques de árvores mestos.
Lagoas de soidades
olhares de limoeiros
cantos de outras idades
ressoam nos outeiros.
E mais e mais adentro
a bússola sem lei
cavalga sempre adentro
sem rainha nem rei.
Abrindo rumo esventro
no mundo que é só meu
meu sonho muito adentro
e o riso sabe a breu!