CHAGAS [ManoelSerrão]
CHAGAS
Ó chagas essas, tão eternas.
Despertai-me os vazios.
Perdoai-me os fieis.
Libertai-me os cativos.
Ó chagas essas, tão eternas.
Curai-me os inculpados
Embalai-me os incriados.
Desfralda-me nos estendais do solário o branco enxágüe das minhas verdades derradeiras
Ó catarse!
Se tudo o que ris de mim e do erro sorri é o que fazes?
Porque choras a dor do vosso lastimoso pranto?
Ó cães!
Se tudo o que ris de mim e do modus sorri é o que sabes?
Porque choras o ébrio que vos abate o Ebro desencanto?
Ó chagas essas, tão eternas.
Não os deis a saberem do sol que não há.
Não os deis a saberem! Não os dei a luz! Não os dei!
Hás-me de ser – de o mau, e o mal ser belo o bom não saber?
Hás-me de ser - de o bem, e o mal me quer ser o bem querer?
Ó deu-mas nas águas ondulantes de Tessália
Uma profecia anunciada:
Ó que doravante chagas essas, tão curadas.