NESSE LUSCO-FUSCO

Queria parar as horas

desse céu trançado de nuvens:

clerical pedágio para o infinito.

Travar as horas - queria, queria,

para me resgatar

sem temor,

destes paramentos de palhaço

quando pranteio uma terra deformada

em países, raças, ideologias,

em humana cegueira encarcerada.

Começo a acender lampejos de esperança

nesse lusco-fusco

onde dormirá esse céu azul estrangeiro

que me inicia.

O tempo vai, rápido,

como o pensamento

Corporifica-se:

lágrimas na planura ondulam-se como rio

partindo de sonhos sem foz.

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