MORBIDÊZ...
Curvei-me
sobre a pálida ideia
do conformismo cotidiano,
senti-me vazia e fora de cena.
Ajoelhei-me
nas pontiagudas pedras
que desenham o meu caminho
e me vi chorosa
cheia de dó e de pena.
Deitei-me
sobre a cama de um faquir
ordenando-me
ao alto flagelo
e adormeci já cega
e sem pulsação.
À minha frente, pálido,
o reflexo do espelho
trazia-me imagens distorcidas
de uma mulher já sem comoção...
*Sou apenas um arco-íris
num dia cinza. Só um instante
de morbidêz. No instante seguinte,
fiz-me colorida e cheia de vida.
E assim seguirei até a próxima
pálida ideia.