O GATO PRETO
Os negros fios de lã, famintos por energia,
Instalaram-se num poste caucasiano.
Uma pomba repousou seus pés no macio
Enquanto pessoas atravessavam um gato preto
Sentado numa escada de olhar inclinado.
Uma boca de lobo uivou no asfalto latejante
Ascendendo ao céu o fogo da pobre ave.
O funesto felino de sorriso calcinante,
qual Goya em telas teria pintado,
Precipitou-se do abstrato ao concreto
E coloriu de carmim, o vazio.
Assim, fez-se no horizonte um pôr-do-sol ufano
Enquanto do outro lado, sombria a lua surgia.
>>KCOS<<