2º DIA DE WIND E 1 GRITO

você que é todo; completo,

teu instinto é um exemplo,

pertences ao universo.

tua história é congênita,

são orelhas de pai,

que esculpem o fundo do rio.

distante do porto;

numa selva interior,

um clarão pré junino.

um canhão de afecto;

acerta o peito aberto,

a bala vence o gôsto.

não atravessa o vento;

arrebol do teu senso,

trecho fino e trapo extenso.

trivial final sem procura,

decisão instantânea,

efemera flor temera.

referência trivial;

tua saúde mais que perfeita,

é tua loucura ver pular.

teu brilho vem de onde?

sabes voltar?

ar, ar, ar, ar, ar.

corroeste meu leste

e o sul ficaste

30 cm mais alto.

pisaste no lixo;

caminhaste moinho,

o tempo rosa queimado.

te alimentaria

e dividiria

e diria quem deverá.

meu cópo quieto vazio;

meu corpo leve rastreia

teus passos em portugal.

esqueces da imagem;

do bem estar,

que propaga do teu nada a falar.

não há volume no silêncio;

o sopro veda meus respiros,

as palavras vagam.

como num mar de riscos;

linhas no palheiro,

nó contudo venário.

oceânio garrano;

decolava limpo, afim, com fé.

redondo olhava ricas,

dono de liras,

nada tocava com o som às penas, lia.

pouco trabalha o assobio,

na fresta da janela,

gravíssimo pontal,

agudo elevado, um grito.

Liso Carenu
Enviado por Liso Carenu em 09/06/2010
Código do texto: T2309476
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