2º DIA DE WIND E 1 GRITO
você que é todo; completo,
teu instinto é um exemplo,
pertences ao universo.
tua história é congênita,
são orelhas de pai,
que esculpem o fundo do rio.
distante do porto;
numa selva interior,
um clarão pré junino.
um canhão de afecto;
acerta o peito aberto,
a bala vence o gôsto.
não atravessa o vento;
arrebol do teu senso,
trecho fino e trapo extenso.
trivial final sem procura,
decisão instantânea,
efemera flor temera.
referência trivial;
tua saúde mais que perfeita,
é tua loucura ver pular.
teu brilho vem de onde?
sabes voltar?
ar, ar, ar, ar, ar.
corroeste meu leste
e o sul ficaste
30 cm mais alto.
pisaste no lixo;
caminhaste moinho,
o tempo rosa queimado.
te alimentaria
e dividiria
e diria quem deverá.
meu cópo quieto vazio;
meu corpo leve rastreia
teus passos em portugal.
esqueces da imagem;
do bem estar,
que propaga do teu nada a falar.
não há volume no silêncio;
o sopro veda meus respiros,
as palavras vagam.
como num mar de riscos;
linhas no palheiro,
nó contudo venário.
oceânio garrano;
decolava limpo, afim, com fé.
redondo olhava ricas,
dono de liras,
nada tocava com o som às penas, lia.
pouco trabalha o assobio,
na fresta da janela,
gravíssimo pontal,
agudo elevado, um grito.