CATARSIS
O estético, elemento consistente do olhar,
arrasta na memória a crença das formas
que imprimi a marca do acaso integro no papel
função que veio do sopro o conteúdo
inconsciente corto a alma na carne
desfiguro-me os ossos e fogem da casca
os sentidos e os quatros elementos
refaz às vísceras orbitais e costelar
de hábito dolorosamente acima do pelo
desgastado no espírito toda a realidade
manifesto o encontro silencioso dos olhares
e sinto o lado obscuro do humano em sonho
encenação teatral do abstrato a imaginação
perverso fragmento do mundo interior
tudo torna-se fato irreal cotidiano
a si mesmo negar e ser existente
longe a existência catarse e absurdo
envolvo em símbolo latente e indecifrável
um só golpe a solidão explode a memória conserva
ligado aos velhos erros do passado que retorna nos sonho
apanhada malha ferida feita pele
e tontura, quase destino quase loucura e arte
quase febre não atinge consciência o comentário
palavras tartamudas soaram vazias
prisão e tontura torta pelo contexto mítico
da manifestação de cabeças filosóficas diárias
para não esquecer escrevo o que fazer
em parede o organograma de uma listinha
esquecida na manifestada leitura uma catarse
volta e meia volta tumultua a poeira da angustia
emoldura imagem plástica de cunho teatral de curiosidade
pública, emoldura a raiz humana em seus estados doentios
do conhecimento só animalesco se faz puro no grito
a percepção não meticulosamente do sopro divino.