Saída à francesa.
O Verão evadiu-se à francesa; arrastou consigo seu cabedal de ilusões.
No campo de guerra, cadáveres perfilhados, olhares sem vida fixos no Azul;
Alice cantou maravilhas, Sancho sonhou sua ilha morena nos mares do Atlântico Sul.
Há sangue de toureiro derramado na arena: a multidão aplaca o ódio de seus corações.
Teu rosto desfaz-se em pedacinhos de papel; já não mais resta o gosto dos beijos de outrora.
Na missa de sétimo dia as promessas foram saldadas; lágrimas secas apagaram as tuas marcas.
Ao longe, o repicar do sino clama por dívidas não pagas: a Santa esqueceu-se de calçar alpercatas.
Um brinde a morte do Sol: O assassino se oculta na Noite – o poeta, sem versos, foi posto prá fora.
Bem pior do que uma discussão travada em altos brados é um muro de silêncio erguido entre duas pessoas que se amam. O melhor a fazer, em casos assim, é deixar que este tipo de muro se dissolva por si mesmo, trazendo de volta o diálogo, base de qualquer relação afetiva entre seres humanos.
São José dos Campos, tarde de Sexta-Feira Junho de 2010.
João Bosco