CENA
PIXOXOS destemidos e cantarolando.
Arrozais que se entregam sem luta aos chineses, japoneses.
Água de arroz, pó de arroz na menina adolescente
que se enfeita aos dulcinéios.
Arruaça dos espantalhos na luz do sol quente,
dedilhando as palhas em armistício com os:
pixoxos, gaviões, garças, gangulas,
goviais, gelinotos nos arrozais, dormentes
no fértil solo e com as sombras das árvores
que enfeitam os arrabaldes.
Os tanques aceitam em silêncio,
as vibrações e ecos das fraldas e panos
que se enroscam nos montículos de concreto,
espalhados e incertos nas mãos da empregada da fazenda.
O frescor da sombra dos cubos e dos cones
e demais figuras geométricas depositadas
sutilmente ao lado dos arames farpados,
sempre vigilante tal qual soldados no quartel.
Os cadáveres fortalecem a terra
como substancia artificial e até melhor.
As luzes perpendiculares ou oblíquas,
de tal modo se aninharam num único ponto fixo
e os pixoxos nem ligando, continuam seu labor (cantarolar),
assim como os espantalhos, o seu.
Um copo de vidro que cai me desperta do torpor
que a cena me levava suave e melodiosamente.
E eu quase me deixo.
25-05-69