Convite ao deleite

Eu sei que tu me espias...

Feito menino travesso

Sobes ao muro

À espreitar a vizinha

Amante voyer...

Pela fechadura admiras

Uma silhueta às escuras...

Imaginando as formas dessa mulher

Eu sei, desconfio do teu olhar...

Eu sei que tu me espias...

Deixas teus rastros de menino

Vens colher meus frutos,

Ouvir meu canto ou desencanto, talvez...

Vens, feito beija-flor, enquanto durmo

Roubar-me um beijo, finjo que não vejo

Espero outro e, outro... quando,

Sorrateiramente, feito vento manso

Remexes as folhas secas do meu jardim

Até roubaste uma, eu vi, foi assim...

Então, de espiar te cansas e... vais embora

Mas, eu sei... espero, amanhã tu voltas...

Porque eu sei... eu sei que tu me espias...

Sinto teu olhar manhoso enquanto me banho

Encoraja-te, tires a roupa e vens...

Vens banhar-te comigo

Não te acanhes... e, se sentir a te afogares

Não temas, regozija-te em deleite de um amor contido...

Então, se por ventura, aceitares o meu pedido

E mergulharmos juntos, nessa fonte que nos convida

Depois de imersos, ressurgiremos

Corpos límpidos, almas libertas...

Pássaros livres a voar juntos pelo universo!

Gelci Agne
Enviado por Gelci Agne em 27/05/2010
Reeditado em 04/06/2010
Código do texto: T2284208
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