À ALTURA QUE AMAVA
Quando me vi sem chão,
Senti o sol quente nas mãos
Na corda-bamba a bailar,
Meus pés a se equilibrar.
O chão que outrora, eu andava,
Que há muito tempo sonhava,
Banhou-se inteiro de mar...
Quisera eu poder flutuar...
E no desfecho deste estado,
Elevo-me ao céu estrelado,
Da corda-bamba a voar
Ausente daquele mar...
Nos ares, um anjo perdido.
O que faria ares-despercebido,
Um anjo que antes ouro?
Saber-ei a causa do seu desdouro...
As asas feitas de amor
O ouro, todavia doou
De giros, nos céus, surrupiava
De fato, à altura que amava.
Da terra, seu coração,
Ao corpo consolação.
Deus lhe fez de asa
E, à alma, o céu – a casa.
(Áurea de Luz)