CACHOS D’ÁGUA
Andando na praia avistei
Sobre um pedestal de pedras
Enfeitando a visão do céu e do mar
Gaivotas contemplavam
Meu colírio do olhar
Alquimia das minhas meninas
Que insistiam em fitar
Metade humana
Talvez metade sereia
E cantava, e cantava
E sob efeito do seu canto
Dançavam as gaivotas
O balé dos pássaros
Causando inveja às andorinhas
Que não tinham sua semideusa
À beira mar, a brincar
Pondo em dança o seu pé
Como se acariciasse
Os cachos d’água
E as ondas chegavam mansas
Até ti, quebrando-se sempre
Como se curvassem-se
À singularidade
Daquela paisagem viva
Presente ali.