O TROPEÇO DO COMETA

Incluído por ato temporão

no eixo exato

de um acrobático rodopio,

hesito

em contrapor

o verbo

ao dígito,

já que

o que brota

tem força

para não ser

rasteiro

e assim gerir

algo mais

do que mera

caatinga

ou sobressalto.

Aspiro.

Resta ao tubo

o dever

de se contrair,

insuflando as guelras,

transubstanciados alvéolos,

nos quais asas

e velas eretas

partilham

partículas

de pólen.

Isento o vento

dos deslizes da paralaxe,

pois sobra

da bolha

nacos de pele,

que bóiam

na poça,

formando com sua sombra

um coração.

Ser elfo é somente

pequena parte

constrita do imaginário.

O dever instaurador

restringe minha capacidade.

Urge obter

competência,

por isso escamoteio

cada intervalo

da pulsação,

ungindo com sangue

os sonhos

o que não torna nada

mais divino,

mas apenas

vital.

Tem a idéia

em si

a sina de escapulir,

constrangendo a alma

a não compartilhar,

pois a doação

vira metástase

e adere estruturalmente

a cada neurônio,

até fazer

do cometa

mera metáfora

apagada,

espetada na lama.

Não pode o chão

ser o alvo,

já que tudo indica

que subir

leva para cima.

Porém

o magneto entorta

a ponteira

que, subserviente,

regride ao meio-pólo

de onde partiu,

sem mais desejo

de experimentar

outros modos.

Interesso-me

pelos mapas do céu,

não pelo endereço,

mas pelos adereços -

sempre prometidos

tanto nas escrituras

como nos reflexos,

embora eu

ainda não saiba

qual terá sido mais prolixo:

o tratado

ou o a epístola.

Há apenas milhões de anos-luz,

contemplo

emudecido

o impacto ululante

do cometa

contra o ressalto

do luar . . .

e minha noite

fica povoada

de luminosas formigas . . .

na certa vou ter

de novo

abençoadas

cócegas na sola dos pés.