A Rainha dos Oceanos
As brancas deidades que habitam as sombrias devesas
Haviam se refugiado contras as paredes obscuras miméticas.
No limite vertical e na superfície claro-escura da existência,
Onde as suas brilhantes faces apareciam por detrás do entrebater risonho,
Espumejante e leve de seus leques de espumas místicas,
Entremeadas de pérolas, que parecia haver encurvado a ondulação da maré...
O retiro dos mortais para sempre separados do sombrio e transparente reino
A que serviam aqui e ali de fronteiras orquestradas,
Os olhos límpidos e reverberantes da Rainha dos oceanos.
Pois as ostras de nossos sentimentos,
As formas dos monstros das leis éticas
E conforme o seu ângulo de incidência,
Como acontece entre duas partes da realidade exterior,
Sabendo nós que não possuem nenhuma alma análoga à nossa,
Julgando insensato dirigir um sorriso ou mero olhar as coisas-em-si:
Os mistérios e as pessoas que não conhecemos,
Mas que fingimos compreender.
Como uma grande deusa que preside de longe
Aos jogos das divindades inferiores,
A Rainha permanecera voluntariamente ainda no abismo,
Ao lado de uma reverberação vítrea,
Que era um espelho de dupla face,
E faz-nos pensar em alguma secção noturna,
Num raio verbal submergido,
No cristal resplandecente das águas.
Um mosaico marinho saído das cavernas
E que de vários momentos se achavam mergulhados na sombra,
A cujo fundo uma presença humana era revelada pela mobilidade fúlgida
Dos olhos da Rainha dos Oceanos.
Mas as linhas obliquas e inacabadas deste ser indescritível
Era o exato ponto de partida para uma beleza insondável,
A geração inevitável dos traços invisíveis em que o olhar
não podia deixar de se extasiar, engendradas em torno
desta mulher mítica como o espectro de uma figura ideal
projetada incognoscivelmente nas trevas.
A intocável Rainha dos abismos oceânicos de nosso próprio ser.