A Rainha dos Oceanos

As brancas deidades que habitam as sombrias devesas

Haviam se refugiado contras as paredes obscuras miméticas.

No limite vertical e na superfície claro-escura da existência,

Onde as suas brilhantes faces apareciam por detrás do entrebater risonho,

Espumejante e leve de seus leques de espumas místicas,

Entremeadas de pérolas, que parecia haver encurvado a ondulação da maré...

O retiro dos mortais para sempre separados do sombrio e transparente reino

A que serviam aqui e ali de fronteiras orquestradas,

Os olhos límpidos e reverberantes da Rainha dos oceanos.

Pois as ostras de nossos sentimentos,

As formas dos monstros das leis éticas

E conforme o seu ângulo de incidência,

Como acontece entre duas partes da realidade exterior,

Sabendo nós que não possuem nenhuma alma análoga à nossa,

Julgando insensato dirigir um sorriso ou mero olhar as coisas-em-si:

Os mistérios e as pessoas que não conhecemos,

Mas que fingimos compreender.

Como uma grande deusa que preside de longe

Aos jogos das divindades inferiores,

A Rainha permanecera voluntariamente ainda no abismo,

Ao lado de uma reverberação vítrea,

Que era um espelho de dupla face,

E faz-nos pensar em alguma secção noturna,

Num raio verbal submergido,

No cristal resplandecente das águas.

Um mosaico marinho saído das cavernas

E que de vários momentos se achavam mergulhados na sombra,

A cujo fundo uma presença humana era revelada pela mobilidade fúlgida

Dos olhos da Rainha dos Oceanos.

Mas as linhas obliquas e inacabadas deste ser indescritível

Era o exato ponto de partida para uma beleza insondável,

A geração inevitável dos traços invisíveis em que o olhar

não podia deixar de se extasiar, engendradas em torno

desta mulher mítica como o espectro de uma figura ideal

projetada incognoscivelmente nas trevas.

A intocável Rainha dos abismos oceânicos de nosso próprio ser.

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 21/05/2010
Código do texto: T2270046
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