Impropriamente dita

De Súbito aquele olhar parecia devorar o meu,

E em resposta eu tentava fugir,

Pois em meu íntimo sabia,

Que mesmo que eu quisesse não poderia vencê-lo:

“Criança covarde, nunca ouse novamente,

Nem pense que irei embora,

Enquanto dorme, em torpe mente

Aguardarei-lhe aqui, do lado de fora”

Em seu bestial semblante,

Eu encontrei a dor que despertara tarde,

Na expressão deveras vil,

Pude sentir a verdade, horrivelmente dita em voz feral:

“Tenho nojo de tua conduta,

Sinto ânsia de ver tua vida e almejo teu fim retardo.

Teu refúgio tornou-se um inferno,

Onde és castigado e possui um trono “

Balbuciando o remorso vertido em lágrimas

Compreendi seu poder e concordei sem condenar,

Ainda em frente a tal carrasco, naquele palco da minha vida,

Ouvi a verdade, propriamente dita

Condenando-me em frente ao espelho.