Permita-me o escritor britânico Sir Arthur Conan Doyle: "Elementar meu caro Watson"

Por que eu preciso estar consigo no agora e no sempre?

Boneca de pano, de filó e reda, no cabelo tranças e fitas, grandes olhos pintados fingindo esperança e alegria mansa.

Quais não são os artifícios de seus loucos vícios de longos anos tantos?

Para pernear-me ousa alegorias e com sussuros e urros submete-me às suas vontades.

Carruagens de ouro em ruas nuas de lata.

Com cambres e padedes se misturam aos puros passos de caminhar rotineiro e esmeiram os sonhos de um viver real, contemplando o imaginário viver dos rodopios.

Mas não é apenas aqui, nem lá, nem no acolá. Carrego você comigo por onde quer que eu vá.

Carrego só na lembrança e as vezes com maior esperança. Mas não é o que me basta, nem tampouco o que me afasta. Alastra as grades dos sonhos e cultiva a malva aos bronquios.

Cúmplice de mim só eu mesma. Boneca de pano, jogada em um canto, qual o encanto?

Corre atrás das colinas e olhe os pastos verdes que se anelam, mas de lá qual será seu ganho ou sua perda?

Soldado de chumbo, desnudo, imundo, quebrado e amassado, vem cá e recebe meus cuidados.

Que no lúdico seja o reencontro. Elementar, Meu Caro Watson!

Teresa Azevedo
Enviado por Teresa Azevedo em 13/05/2010
Reeditado em 31/05/2010
Código do texto: T2254222
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