Dama da noite (II)
Maria.
Tudo que sei daquela simpática senhora.
Sua coluna dobrada como arco pronto para lançar a flecha.
Nas mãos, duas sacolas de sonhos.
Carregava alimentos?
Quem sabe...
Olhou-me com olhar de menina.
Irresistível energia:
Ofereci-me para levar seu fardo.
Não que pedisse e nem mesmo reclamara – estava serena.
Para onde? Perguntei!
Para a lanchonete. Quero tomar um copo de leite.
Fiquei feliz em acompanhá-la.
Meu coração queria pagar-lhe o sorriso.
Acho que não foi um bom pensamento.
A lanchonete estava fechada.
Dona Maria, linda como uma flor do campo.
Talvez mais de setenta primaveras se encostou na parede.
Seu olhar calmo decidia silenciosamente naquele labirinto de ruas:
Qual direção iria seguir...
Continuou sorrindo, deixando o deleite do leite para outro dia.
Eu, fiquei muito feliz por conhecer a bravura de uma guerreira,
que luta sem perder a ternura:
Sob um manto de estrelas brilhará invisível aos nossos olhos
em ruas que pisamos noite e dia.
Característica de uma grande mulher.