A alma do poeta
Palavras, feito navalhas,
Cortam a alma do poeta.
Singram desejos e sangram.
Por que ele não ri à toa?
Claro, ele não é rico.
Só ri se for de graça,
Da fumaça, da cachaça...
Seu pensamento, engrenagem
Que gira forjando frases,
Como tijolo a tijolo
Na construção de sentidos;
Pensando...pensando...
Que inspiração que nada!
É suor no raciocínio,
Razão sinestésica do criar:
Vê a cor do som nas paredes,
No doce bailar das palavras
E melodias no silêncio.
Da guerra, canta os amores,
Dos amores, os horrores,
Da insipidêz, os sabores;
Desescrevendo toda a escrita,
Estrita, cega e desdita,
Que ninguém nunca escreveu.