Poeminha no criado-mudo
I
Nas linhas sem luz
tua língua é a cruz
da desesperança
nos olhos há fome
nos pensamentos
uma roda quebrada
teu hálito é sutil
pronto para dar
a pegada
mas tem mais entradas
nem lembranças
na porta de casa
se esbarra em lascas
de farpas...
nas entrelinhas
sem medo
sou tua lixa na estaca
acerto sempre
na mosca
tenho a sorte
de pegar o pedaço
de osso do peito
que me avisa que
nada se pode contra vamps
silencio teus marfins
desvio da frieza da miséria
dos sugadores
nunca ficarei muda
nem cheia de dedos.
II
Na beirada do tempo
pulsava um órgão
encaixado no esterno
que idolatrava
somente a superfície
quando a lua de mel acabou
o ritmo do narciso
ecoou
e o que era para renascer
no belo
desfaleceu sem azular
sem elo
no silêncio da revoada
das notas sujas
só desamor
Rosangela_Aliberti
Atibaia, 29 de abril de 2010
(art by Chagall)
I
Nas linhas sem luz
tua língua é a cruz
da desesperança
nos olhos há fome
nos pensamentos
uma roda quebrada
teu hálito é sutil
pronto para dar
a pegada
mas tem mais entradas
nem lembranças
na porta de casa
se esbarra em lascas
de farpas...
nas entrelinhas
sem medo
sou tua lixa na estaca
acerto sempre
na mosca
tenho a sorte
de pegar o pedaço
de osso do peito
que me avisa que
nada se pode contra vamps
silencio teus marfins
desvio da frieza da miséria
dos sugadores
nunca ficarei muda
nem cheia de dedos.
II
Na beirada do tempo
pulsava um órgão
encaixado no esterno
que idolatrava
somente a superfície
quando a lua de mel acabou
o ritmo do narciso
ecoou
e o que era para renascer
no belo
desfaleceu sem azular
sem elo
no silêncio da revoada
das notas sujas
só desamor
Rosangela_Aliberti
Atibaia, 29 de abril de 2010
(art by Chagall)