MÚTUO CANSAÇO!

Estou cansado da inteligência.

E me canso da intransigência

Prefiro a irreverência

Pensar faz mal às emoções.

Vomito e palpito explosões

Uma grande reação aparece...

No meu peito que é o alvo

Chora-se de repente, e todas as tias mortas fazem chá de novo

Mas se isso as conforta?

O que importa...

Na casa antiga da quinta velha.

Levanto minhas sobrancelhas

Pára, meu coração!

Sossega, minha esperança fictícia!

Bate de novo... Com astúcia

Quero vê-lo na labuta!

Quem me dera nunca ter sido senão o menino que fui…

Mas cresceste e assuma porque és forte e valente

Meu sono bom porque tinha simplesmente...

Sono e não idéias que esquecer!

Hás de vencer as intempéries

Nasceste para a VITÓRIA

Sois saudável, inteligente e DIPLOMADO!

Nosso brilhante Manuel Felíciano?!

Haverás de encontrar aqui uma mulata

Da bundinha empinadinha

No Brasil se vier hospedo-te na Bahia

Mas... Por favor, sorria!

Meu fim antes do princípio!

Hás de encontrar aqui benefícios

Estou cansado da inteligência

Sei que és homem da ciência

Se ao menos com ela se apercebesse qualquer coisa!

Só não vê porque não quer...

Mas só percebo um cansaço no fundo, como baixam na taça

Repense um pouco enquanto na Copa o Brasil goleia Portugal

Aquelas coisas que o vinho tem e amodorram o vinho

Deixe tudo... Mas antes mande um beijo pra Catarina

Que tanto sonho que um dia seja minha.

Dueto: Álvaro de Campos e Hildebrando Menezes

Nota: Esta foi uma brincadeira sadia de um belíssimo poema de um dos heteronômios de Fernando Pessoa enviado gentilmente pelo poeta portugues Manuel Feliciano. Os outros pseudo nomes em que Fernando Pessoa utiliza em seus poemas são: Ricardo Reis, Alberto Caeiro e Bernardo Soares.

Navegando Amor
Enviado por Navegando Amor em 17/04/2010
Reeditado em 18/04/2010
Código do texto: T2203536