PANELA DE PRESSÃO
PANELA DE PRESSÃO
Milhões de pensamentos circulam,
Como moléculas de água
Prestes a entrar em ebulição.
Minha mente é uma panela de pressão.
Vai cozinhando os sonhos.
Os desfeitos revolvem-se
Lutando de qualquer jeito
Querendo viver, pobre ilusão.
Outros correm na vã tentativa
De concretização antes da
Liberdade da fervente prisão.
Soubessem aceitar a transformação
Renasceriam em outro estado
Através da vaporização.
Vou pelo ônibus inconsciente
De minha real situação.
Adormeci nos solavancos
Desde a partida desta louca condução
Buzinas de cheiros poluídos
Acordam-me no fim da estação.
Ainda meio sonâmbula
Sinto o estômago se agitar,
Os pensamentos desordenados
Voltam a martelar, sinto dor,
Culpa? Arrependimento?
Já nem me lembro,
Esta falta de memória
Quase me afasta de minha história.
Acendi a chama pela manhã
Bagos negros de feijão
Repousavam no fundo do prateado
Alumínio marcado pelos cozimentos.
Sinto fome misto de alegria,
E certeza que terei alimento,
Pois preparei o básico feijão,
Mas será que apaguei o fogo?
Não tenho outro jeito,
Nem conheço outra solução,
Volto em casa e revejo a situação,
Abro a porta feliz com emoção.
O fogo estava apagado
Minha panela repousa no fogão
Minha cabeça dói pela pressão
Estou hipertensa no momento.
Cozinhei durante muito tempo,
Às vezes nem me lembro,
Deixo cair no esquecimento
O menor pensamento.
Foge como se fosse vapor
Saindo feliz da alta pressão
Que enfrentou na confusão
Minha mente é uma panela de pressão.