Mar Remoto (maremoto)
Minha vontade grita
Na fúria infinita
De estar escondida
Dentro do peito
A exalar surdo grito
Que não quer ser ouvido
Mas que o amor agita
A vontade anda aflita
E nem a louca acredita
Que tanto amor se instalou
Que mistério é esse
Que não se sabe a fonte
Que vem lá de fora
A me arrebatar assim
Sem pena, sem trégua
Escrava dessa vontade valente
Que quer ser independente
E que calo com a trapaça
De esconder do coração
O que não pode ser
O que nem cabe estar
Dentro do prazer de te ver
Me prendi no teu olhar
Nego, não quero acreditar
Que esse fogo arde
Derrete a neve em mim
Me faz cativa assim
Sem que eu possa fazer
Sem defesa visível
Me rasgo, engasgo, morro
Pra não mais resistir
Prefiro a morte maldita
Do que essa vontade infinita
De ser aquela que um dia
Declarou amor ao luar
Não tem mias lugar
Para ser assim tão singela
Sou fera, sou fúria, sou gelo
Mantenho minha forma medonha
Espanto pra longe esse sonho
Nem quero saber desse amor
Prefiro o amargo da vida
Essa solidão que me basta
Esse meu choro, cascata
Esse mar sem fim dentro de mim
Quero morrer sem saber
Que poderia amar você
Mas que nosso tempo passou.