Se Existo?
Se existo? Não sei. Tenho dúvidas.
“Mas se consegues escrever, logo tu existe?”
Bem, eu não sei como se escreve, nem por que escrevo,
E nem quem escreve o que estou escrevendo,
que dirá o que seja escrever.
“Estás porventura louco?”
Afirmar estar louco ou não é afirmar algo que se sabe.
E eu nem sei se sei o que não sei.
“Então, o que fazes aí, escrevendo sem saber se estas ou não a escrever?”
Já disse: não sei se realmente estou onde estou,
E nem se escrevo o que se denomina de signos lingüísticos,
E nem sei se existo para ter a oportunidade de chegar a duvidar de minha própria existência.
Sepulte todos esses pontos de interrogação,
Essas conjunções condicionais,
E essas profecias improféticas.
Deixa-me permanecer inverbalizável,
Assim talvez seja melhor.
Acaraú, 12 de abril de 2010