PENSAMENTOS III

Estamos prestes a não mais existir

Estamos próximos do sofrimento total

Penso muitas vezes sem querer fingir

Como toda guerra é banal

Coisas absurdas acontecem a pró de nada

Inocentes sofrem tudo

Podemos estar confusos

Podemos estar certos

Mas sempre estaremos errados

Pois nossas opiniões nunca são aceitas

E aceitam todas opiniões equivocadas

Equivocando quem não entende nada

Talvez devesse escrever sobre os pássaros

Talvez sobre as árvores

Sobres os bichos

Sobres os peixes

Mulheres,

Crianças,

Em fim, talvez devesse escrever sobre as boas coisas,

Mas este é um alerta

Pra tentar ficar atento

Um pouco mais esperto

Pois não consigo pensar em outra coisa

A não ser no fim das coisas

E se estas coisas chegarem ao fim

Não iremos pensar mais

E se eu não pensar mais

Deixarei de existir

Se eu morrer...

De que terá valido a pena?

Tantos pensamentos

Tantas formas de pensar

Tantos pensar de várias formas

Que me surpreenderia

Ao parar de pensar

Muitos iriam se surpreender

Ao descobrir que podemos

Ser de várias maneiras

Seres diferentes,

Que às vezes, não somos o que imaginamos

Ou imaginamos ser coisas que não somos,

Podemos perceber que não percebemos,

Acreditar que não há mais crença,

Descobrir que tudo já foi descoberto,

Entender o que não pode ser entendido,

Perceber a diferença

Em iguais, parecidos,

Semelhantes, desconhecidos,

Idênticos, similares,

Menos favorecidos,

Governantes e governados,

Criminosos e militares,

Podemos encontrar explicações

Para problemas inexplicáveis,

Aconselhar quem geralmente aconselha,

Perder um jogo fácil,

Ganhar jogos difíceis,

Conquistar garotas,

Amar uma única mulher,

Perder amigos,

Descobrir os verdadeiros amigos,

Confiar demais,

Ganhar confiança,

Esquecer o passado,

Mas guardar as lembranças,

Amores foram perdidos,

Descobrir que eram apenas paixões,

Encontrar alguém algum dia

Que algum tempo atrás

Você pensou ter amado

Que pode amar agora,

Ou conhecer pensamentos novos,

Relembrar dores antigas,

Querer desfazer-se delas,

Embora quisesse enfrentá-las

E resolver tudo logo de uma vez,

Ouvir o que as pessoas têm a nos dizer,

Dizer o que for preciso,

Esquecer as palavras desagradáveis,

Usar a consciência e confortar os desesperados,

Mas estamos na iminência do fim,

Com guerras por toda parte,

Pensando em muitas coisas,

Ao mesmo tempo sem pensar em nada,

Pois inocentes morrem,

Há fome demais,

Não há quem os socorram,

Estão tentando acabar com o mau

Cometendo muitos males,

E se tudo se deve ao maligno,

Que bem seria se todos rezássemos,

Acreditando que tudo é possível

Se acreditarmos.

O mais difícil é conviver com a farsa,

Não é possível viver no imaginário somente,

Sonhos são realidades que conquistaremos,

Então procuremos

Encontrar o que há de perdido:

A Paz.

Podemos ser guerrilheiros,

Podemos causar dores a muitas pessoas,

Podemos ser armas,

Causaremos as mesmas dores,

Podemos ser as vítimas,

Haverá dores também,

Então a guerra não traz vitórias nunca,

Ambos os lados saem perdendo,

Somente a paz é vitoriosa!

Queria olhar para o outro e ver tudo bem,

Queria olhar para mim

Dizer o que há de errado e corrigir-me,

Mas sei que, se eu sei o que há de errado,

Eu posso me corrigir,

Mas é complicado dizer ao espelho

O quanto ele é verdadeiro,

Ver no profundo de nossos olhos

A verdade se manifestando,

Querendo ser livre, e rebelar-se

É difícil aceitar nossos defeitos

No entanto criticamos os outros,

As pessoas são os melhores espelhos,

Espelhos que falam,

Alguns dizem muito,

Outros só com o olhar,

Mas todos possuem suas verdades,

Quando outros espelhos vêem a olhar.

É claro, eles podem errar,

Como todos erram,

Pois ninguém pode ser perfeito,

E ninguém precisa ser,

Você pode ver em um espelho o que antes não via

E verá que ele tem razão,

Quando mostra o que você não faria

Mas fez com muita intenção.

Quando mostra que o outro foi melhor

Enquanto você o criticava

E não conseguiu vencê-lo.

Quando pôs defeito em coisas

Que nem ao menos tentou fazer.

Quando crucificou pessoas

Por motivos e causas próprias,

Jogando em suas costas o peso de sua consciência.

Quando falou mal, consciente, por suas costas.

Ao intrigar-se por ter menos que os outros,

E ver pessoas passando fome.

Quando acusou um inocente

Para esconder-se por de trás,

Protegendo a sua pele e oferecendo a de outro

Para que façam dela um casaco.

Quando ficou feliz com o desespero dos outros.

Quando desejou a morte,

Ou quis que alguém fosse para lá.

Ao ficar imóvel quando tinha que agir.

Ao dizer demais quando devia apenas ter ouvido.

Quando chegou a hora da verdade e você adiou.

Quando se negou a ser verdadeiro consigo.

Ou quando omitiu a hora de ser você mesmo.

E acabou deixando de encontrar certas felicidades,

Perdendo assim pessoas, conquistas e tempo, muito tempo.

O mundo exige pessoas autênticas!

Depois que fizer tudo o que tem que fazer

Faça o que quiser, com cuidado:

“É errando que se aprende”

Mas não podemos viver sempre errando.

Temos que aprender a viver,

E viver é estar sempre aprendendo com os erros

A não errar mais.

Eu tenho errado muito...

Pensando sem pensar às vezes eu penso.

Pensando ao pensar eu acabo por desanimar,

Descubro que posso continuar

E que continuar não quer dizer só ir,

Mas seguir sempre mais.

Os objetivos serão sempre superiores as conquistas,

Pois nunca estamos satisfeitos com o que temos

E mesmo quando tivermos tudo,

Vamos preferir voltar ao que era no passado.

Tudo, às vezes, pode significar nada.

Talvez isso explique certos acontecimentos:

Pessoas têm tudo o que imaginamos

E reclamam de suas vidas,

Ou causam sofrimento a outras.

Brigam, destroem, e não dão valor ao mundo,

Poderiam estar aproveitando suas vidas.

Para alguns, ter tudo é ter muito dinheiro,

Para outros ter tudo é ter a felicidade.

O jardim lá fora é um convite para alegrar-me

Os canários cantam sorridentes,

Mas o que podemos ser:

Canários que não cantam,

Ou canalhas que os prendem?

Poeiras ao vento favônio,

Ou a poluição do ozônio?

A verdadeira Paz entre os homens,

Ou ataques de aviões de guerra

Que matam crianças?

Elas não entendem nada.

Por crescerem em meio a bombardeios

O que irão entender do mundo?

Quem sabe não queiram destruí-lo!

Ou se um milagre acontecer,

Queiram reconstruí-lo.

Em meu olhar existe um brilho,

Eu vejo no olhar de uma criança, muitos brilhos...

E com isso meus pensamentos fluem entre asas

Imaginando muitas coisas:

Podemos estar somente vivendo,

Vivendo sós,

Em vidas passadas que ainda não existiram,

Simplesmente porque não existimos,

Pois ainda estamos para existir num futuro próximo,

Que destruiu o presente e o passado,

Deixando pessoas com amnésia,

Restando somente lembranças de povos antigos

Que em outra era foram capazes de prever o fim.

Detalhadamente, confidenciaram em escrituras mortas,

A morte da humanidade,

E agora mesmo conhecendo as previsões

Deixa-se levar pela Besta.

Júnio Dâmaso
Enviado por Júnio Dâmaso em 17/08/2006
Reeditado em 22/01/2019
Código do texto: T218918
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