SISTEMA ASNO DE TELEVISÃO

E agora no vento da praia

corro a procura cósmica

o mar longe dos pés

a veia corroendo minha letra

marcando como boi é marcado no anteparo do vidro

do lado de lá da TV

o fim da acústica

o fim da astúcia

cenário persecutório

do que se trata a virgem da viagem

apaixonado se perdeu na dor do eleitorado

um voto de castidade

pro universo prosperar

e respirar espécie de sangue

num cheiro de fralda

na festa da limpeza todos sorrindo

o diafragma funcionando

e os leds acesos

no meio do salão, do cinema

escuro e pegajoso

ema bolha negra boiando no mar

devagar se aproxima do mangue

avança e leva seus frutos

refugio das formas

nascente dos beirais e abismos

aqui ninguém me encontra

posso ser visto de qualquer maneira

ninguém mais me apaga

no Zeppelin que toca amor fugidío

à brasileira espécie

cartas náuticas de antigos piratas

deixam aperfeiçoados

batalhas bilíngües da noite

breu e alforje derretido

mofado declínio da estação

borra de chuva com barro nobre

guitarra de berro fura belo

os últimos gritos de solenidade de tempo dedicado

dos derradeiros dias

dos andes palestinos

da África abortada

mãe pagã

figa de isopor

papel de parede estranho

sem ritmo sem vez sem coragem

morto na sedução

sistema de cores inerte sem explosão

Sistema Asno de Televisão

Liso Carenu
Enviado por Liso Carenu em 09/04/2010
Código do texto: T2186902
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