SISTEMA ASNO DE TELEVISÃO
E agora no vento da praia
corro a procura cósmica
o mar longe dos pés
a veia corroendo minha letra
marcando como boi é marcado no anteparo do vidro
do lado de lá da TV
o fim da acústica
o fim da astúcia
cenário persecutório
do que se trata a virgem da viagem
apaixonado se perdeu na dor do eleitorado
um voto de castidade
pro universo prosperar
e respirar espécie de sangue
num cheiro de fralda
na festa da limpeza todos sorrindo
o diafragma funcionando
e os leds acesos
no meio do salão, do cinema
escuro e pegajoso
ema bolha negra boiando no mar
devagar se aproxima do mangue
avança e leva seus frutos
refugio das formas
nascente dos beirais e abismos
aqui ninguém me encontra
posso ser visto de qualquer maneira
ninguém mais me apaga
no Zeppelin que toca amor fugidío
à brasileira espécie
cartas náuticas de antigos piratas
deixam aperfeiçoados
batalhas bilíngües da noite
breu e alforje derretido
mofado declínio da estação
borra de chuva com barro nobre
guitarra de berro fura belo
os últimos gritos de solenidade de tempo dedicado
dos derradeiros dias
dos andes palestinos
da África abortada
mãe pagã
figa de isopor
papel de parede estranho
sem ritmo sem vez sem coragem
morto na sedução
sistema de cores inerte sem explosão
Sistema Asno de Televisão