A MORTE FOI-SE...

Veio de grande escuridão...

Depois me tateavas!?

Procuravas-me em vão...

Nunca vi o teu céu negro,

Por esta razão firmo-me a me amar!

Não negocio nunca o meu segredo...,

Mas, já a ouvi na noite a me clamar!

Antes que em mim resvalasses,

E num podre e só meu espaço,

Vomitei no escuro esse bagaço

Da minha invadida adolescência,

Não prestando a ti a reverência,

Em nosso encontro de duras faces...

Eu ando com qualquer humano faminto!

Devorando-os, comemo-nos por instinto...

E neste mundo que se faz tão cruel,

Ao qual entrego o meu corpo ao léu,

Vivo mastigando-me em profundo fel;

Na certeza do meu corpo só em sexo semeado,

Qual campo de colheita eu tenho canto reservado,

Preparando-me para o mal em todo o seu movimento.

Pense muito bem dona..., antes de entrar-me por dentro!

Passo o dia todo ardendo,

Tudo em madeiras horas,

Assim em mim vou vivendo.

Esses vermes barulhentos,

Que na barriga nos devoram,

E que em todo corpo se encontram,

Logo penso pois, que não se demoram...

Que não tenho escolha, não há falha,

Que a minha vida pra mim nada valha.

Porém, eu de ti não senti calafrios...

Tu pensas querer vir dar-me um fim?

Catar-me como uma fruta?

E eu certeiro, a ferir teus brios,

Quando já estavas a um passo de mim,

Expulsei-a sem nenhuma luta...

Pobre criatura!

Desiludida,

Cabisbaixa,

Minha enorme gargalhada a enxotou...

E do meu eu, muito mais que nada levou...

Setedados
Enviado por Setedados em 07/04/2010
Reeditado em 02/06/2011
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