GAITISTA E LAGOSTA
Uma maça
como uma atrás da outra
pensando ao anoitecer
ao tecer a teia do dia
na mente que não tira
a consciência de uma tela
Pintura de gato comendo maçã
num tapete xadrez.
Poesia do diário do gaitista
semente dividida dentro da maçã.
Uma faca com fio
afia desconfiada.
Desafia confiada
Uma trama sem adjetivos.
Uma voz familiar reconhece meu ouvido ,
pára e fala do apreço
das palavras pelo próprio sentido
original, pinturas vento,
Lagosta fera.
Com a fome do grito
com a boca do pânico
persistência da memória
ronco pré histórico
ronco de moto
de sono, de barriga.
Num frasco fechado
infinito, gaitando cortava a sinfonia
com uma nota paralela.