GAITISTA E LAGOSTA

Uma maça

como uma atrás da outra

pensando ao anoitecer

ao tecer a teia do dia

na mente que não tira

a consciência de uma tela

Pintura de gato comendo maçã

num tapete xadrez.

Poesia do diário do gaitista

semente dividida dentro da maçã.

Uma faca com fio

afia desconfiada.

Desafia confiada

Uma trama sem adjetivos.

Uma voz familiar reconhece meu ouvido ,

pára e fala do apreço

das palavras pelo próprio sentido

original, pinturas vento,

Lagosta fera.

Com a fome do grito

com a boca do pânico

persistência da memória

ronco pré histórico

ronco de moto

de sono, de barriga.

Num frasco fechado

infinito, gaitando cortava a sinfonia

com uma nota paralela.

Liso Carenu
Enviado por Liso Carenu em 06/04/2010
Código do texto: T2181526
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