Primeiro de abril
A morte é uma mentira
Depois do começo, o fim é apenas risível
É uma pausa.
Para um novo recomeço.
E no túnel infindável das mutações...
Então o novo vem de novo, e novamente
Mas o novo é o velho reformulado
A primavera nova é a primavera velha colorizada
com a paixão dos tempos.
O tempo customiza tudo...
Rostos, páginas, estórias e sinas...
A morte é uma mentira
Depois de hoje, o amanhã será
tão surpreendente
Que ao susto sucede o encanto
E boquiaberta se alimenta do novo,
Das reformulações,
Das repaginações
Das capas e espírito novos contidos
em almas ainda incandescentes
A crepitar no limite do horizonte com o abismo
Se os olhos não vêem
O coração imagina.
Se não podemos ouvir
Imaginamos as palavras a dançarem com a semântica
Num lesbianismo explícito
Numa esperança encantada
A morte é uma mentira
A última verdade é a vida
Transmutada sob diferentes formas e prismas
Do orvalho a lágrima
Do sorriso ao ranger dos dentes
Do aceno ao afago
Do silêncio até a flor
Que nasce na relva
Em ritual solene diante do
sol da manhã.
Primeiro de abril
E a morte continua ser a trivial mentira.
Não morremos jamais...
Mudamos de forma de vida, apenas.
Somos imortais do momento.