Primeiro de abril

A morte é uma mentira

Depois do começo, o fim é apenas risível

É uma pausa.

Para um novo recomeço.

E no túnel infindável das mutações...

Então o novo vem de novo, e novamente

Mas o novo é o velho reformulado

A primavera nova é a primavera velha colorizada

com a paixão dos tempos.

O tempo customiza tudo...

Rostos, páginas, estórias e sinas...

A morte é uma mentira

Depois de hoje, o amanhã será

tão surpreendente

Que ao susto sucede o encanto

E boquiaberta se alimenta do novo,

Das reformulações,

Das repaginações

Das capas e espírito novos contidos

em almas ainda incandescentes

A crepitar no limite do horizonte com o abismo

Se os olhos não vêem

O coração imagina.

Se não podemos ouvir

Imaginamos as palavras a dançarem com a semântica

Num lesbianismo explícito

Numa esperança encantada

A morte é uma mentira

A última verdade é a vida

Transmutada sob diferentes formas e prismas

Do orvalho a lágrima

Do sorriso ao ranger dos dentes

Do aceno ao afago

Do silêncio até a flor

Que nasce na relva

Em ritual solene diante do

sol da manhã.

Primeiro de abril

E a morte continua ser a trivial mentira.

Não morremos jamais...

Mudamos de forma de vida, apenas.

Somos imortais do momento.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 02/04/2010
Reeditado em 02/04/2010
Código do texto: T2172695
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