MUITOS LAÇOS E ABRAÇOS
Abraçar e ser abraçado
É estreitar passos e laços
Assim não viro um bagaço
Eu fico feliz e tudo traço
Mesmo que eles se desfaçam
Sem haver beijos e abraços
Caminho assim os meus passos
Pelas estradas da vida eu faço!
Vou inventar a maneira de abraçar
De verdade ou até de brincadeira
Porque eu vivo sem eira e nem beira
Parto do princípio de poder amar
Melhor um abraço fugaz e corriqueiro
Do que viver sem nunca ser abraçado
Já imaginou isso que vida sem graça?
Calor ou frio o que vale é estar grudado
Mas existem falsos abraços
Que mais parecem um cadafalso
São laços nulos sem a menor graça
Afetos disfarçados de alguns palhaços
Logo se desatam ou se despedaçam
No buraco negro da imensidão do espaço
Que a gente percebe logo que se abraça
Como quem oferece a mão toda frouxa
Falta de sinceridade de quem é trouxa
Mas a criança faz um laço engraçado
Todo desengonçado, mas é um laço
Onde se percebe a pureza entranhada
O pior é quando tenta dar laço no cadarço
Prende a respiração com toda a atenção
Mas o sapato fica solto faltando amarração
Assim também não é a verdade em ação
Aprendendo, então, a dar um laço
E cada laço tem de ter o seu espaço
Não sendo assim parece um descaso
De quem não liga e faz pouco caso
Pois não há maior cansaço
Que ser tratado como coitado
Que ao completar um laço,
Ver-se desfeito no que faço
Sentir o embaraço de dar nó cego
Como se fossemos feitos de ferro e aço
Pois, não nego: aperta, prende, sufoca
Aquele que nega e ainda faz fofoca
E machuca, perpetuando-se o laço
Melhor seria ir tirar leite de vaca
Até que a morte ou o tempo o desfaça
Ou quem sabe beber cachaça na praça
Não sem antes deixar marcas e farpas
Sozinhos na lagoa pescando carpas
Em dois corações descompassados
Desviando-se das muriçocas taradas
Aí depois acordar doidão e com ressaca
Desses laços só se quer o desenlace
Se os laços se desatam e se partem
Em pedaços, sem deixar nenhum traço
Ao menos um dos dois vai sentir-se
Cabisbaixo e lhe faltando um pedaço
Poxa! É muita repetição, o que faço?
Abraço é abraço e vou querer abraçar
E se você não me quiser, vá se danar
Vou abrindo em cruz os meus braços
Colocando os seus peitos nos meus
E sem essa de bundinha lá pra trás
Terá que ser um abraço bem atritado
Veja o Cristo Redentor no Corcovado
Que oferece a todos um abraço de paz
Seus braços abertos visíveis no espaço
Para qualquer que quiser ser abraçado
E... Para ser sincero já me sinto cansado
É muito ‘çô’ em versos encompridados
E antes que eu me esqueça
Que você se zangue e me despeça
E que a vida distraída passe,
Ou que você desapareça,
Venha cá...
Abra logo esses braços...
Coloque os seios empinados
Que eu sou meio safado e...
Dê-me um abraço arretado!
Dueto: Lourdes Ramos e Hildebrando Menezes