APORTE DO AMOR
Não sou solidão porque me consolido em mim.
E assim:
Cada gesto meu vai a tua direção,
Cada queda minha comigo fica e vira pedra.
Não sou multidão porque sou único em mim.
E assim:
Na minha singularidade sou plural;
Não sou a verdade absoluta porque a vida é relativa.
E assim:
Dou-te amor em gotas porque gostas da vida devagar
Como quem não se cansa da voz do silêncio!
Não sou senão a ilusão da vida eterna sendo esta vã.
E assim:
Repreendo-me quando me pego fazendo planos,
Pois o trem da vida não tem estação certa.
Não sou diferente daquele que sofre:
Sofrimento fortalece enquanto a alma se refaz!
Lá fora, a sombra das horas não me incomoda,
Há sobra de sol clareando rumores do que não sou,
Pois se não for pela ilusão,
Que felicidade aporta o amor?
Não sou senão, senões!
Mito de mim mesmo me perdendo a esmo
No lotação que percorre artérias e veias do meu interior.