Andar sobre as águas
Sabe, fui dormir bem perto do céu
Onde logo ali, navegava o mar
Sobre sua pele minhas dúvidas
Naufragadas na ansiedade percorrida
Pelo Lagarto Jesus Cristo, sedento de sono,
Transcorria sobre o teto de água
Em voltas circulares e incompreensíveis.
Horas depois, quando despertei,
Meu sorriso enganava e os ossos rangiam de dor.
Soprou um fio gelado pra abrandar
mais um dia que passou.
Dali se via barcos, redes de pesca
Sem dispensar o cheiro salgado de frutos
A paisagem era belíssima!
Um homem se aproximou e ofereceu conversa:
Seu cabelo era pouco e bicolor
Havia o branco cinza da maturidade
E o branco amarelado da solidão
Seus traços denunciavam histórias inibidas
Pelas rugas de sua testa, a voz doce
Olhar firme e semblante manso.
Encostados num barquinho de nome GAYA;
Ele contou sobre o infinito e seus mistérios
Mas pediu que fosse discreta.
Ainda explicou sobre as tribos diversas
da costa e outras coisas.
Saímos depois que nasceu o dia
Quando a imensa bola de fogo passou a incomodar.
Perdi-me dele e desde então volto lá
O mesmo cenário espetacular
Porém, o velho nem nos sonhos me procurou.
Penso que o bicho era ele.
Sem dúvida! Era ele!
Claro que se esqueceu de ensinar como percorrer
As películas sem afundar...