POETA SEM INSPIRAÇÃO

É como um rio em seu curso

Tem o leito e o barranco para encostar

E falta a água para rolar.

É como retirar toda a água do mar

E sobrar uma branca salina

Onde não dá mais para mergulhar.

É como desbotar o céu

Até ficar totalmente descolorido

E de nenhuma cor poderá mais ser tingido.

É como queimar o verde das matas

Deixando somente cinzas espalhadas

Completamente desamparadas ao vento.

É como paralisar a corrente das cascatas

Inibindo o som da alegre sonata

Não restando mais nada que encante.

É como pintar um arco-íris em branco e preto

E descobrir que no fim não tem nenhum segredo

O pote de ouro está vazio...

É como retirar o sonho do sono

E acordar em triste abandono

Sobre lençóis sem estampas

É como conhecer milhares de palavras

Mas, simplesmente, deixá-las em liberdade

Sem colocá-las sobre as linhas de um poema...

Janete do Carmo
Enviado por Janete do Carmo em 15/03/2010
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