Inviolável coração
Nada tenho a oferecer
Sou uma casca sem recheio
Deserto de água e sal somente
Mar morto onde nada vive
Meu coração gelado adormece
No imenso vazio de alma triste
Meus versos cantam épicos sem retorno
Penélopes sofridas cantam sem esperança
Sereias afogam piratas enfeitiçados
Gélido amanhecer num peito vazio
Espectro do que fui agoniza sem cura
Na eterna busca de um amanhã inventado
Onde Sísifo trabalha inutilmente
Carregando a pedra da insensatez
Óperas tragicamente compostas
Nascem no coração absurdamente dilacerado
Personagens passam sem observar
Que desenho na areia esses versos frios.