Inviolável coração

Nada tenho a oferecer

Sou uma casca sem recheio

Deserto de água e sal somente

Mar morto onde nada vive

Meu coração gelado adormece

No imenso vazio de alma triste

Meus versos cantam épicos sem retorno

Penélopes sofridas cantam sem esperança

Sereias afogam piratas enfeitiçados

Gélido amanhecer num peito vazio

Espectro do que fui agoniza sem cura

Na eterna busca de um amanhã inventado

Onde Sísifo trabalha inutilmente

Carregando a pedra da insensatez

Óperas tragicamente compostas

Nascem no coração absurdamente dilacerado

Personagens passam sem observar

Que desenho na areia esses versos frios.

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 06/03/2010
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