Eu, Um Milagre.

Os fios da tarde,

Teciam as horas.

O cheiro das frutas

convidava-me para ceia.

Nas tábuas dos palcos,

meus lábios, meus dedos

contavam os anos

sem aplausos e glórias.

Além do espelho, eu via fogueiras.

Corpo e alma buscavam

o início da existência.

Tudo vai, tudo flui -

Diziam duendes

atrás das árvores.

O conforto e a riqueza

deságuam em nada.

Homens constroem

a própria história,

guardam passados.

Eu guardo a eternidade

na voz das personagens,

nos livros sagrados?

Dúvidas revelam-se

entre luz e sombras.

Na transparência das mãos,

multiplicam-se as flores,

os desejos e o pão.

Existo e continuarei

a buscar milagres

num olhar de Deus.

Raimundo Lonato
Enviado por Raimundo Lonato em 06/03/2010
Código do texto: T2122630
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