Placebo

Amanheci surreal, sentindo-me irreal

Mas sou real, garanto

Só não assino

Bola vermelha de palhaço no nariz

Arco-íris nos olhos

Rindo bobo, mas feliz

Normal, você se diz?

Eu não. Sou louco.

E quer saber? Acho pouco.

Enquanto a vida ávida

Dá-me lambadas

Prega-me peças de mau gosto

Finjo que não sinto e que até gosto

Eu vou à luta

Miro a flor bela

E leio Espanca

Sei que Clarice e Cecília

“Tricotam” versos no infinito

Drummond dá um berro

E diz palavrão

Toda vez que fere o dedão

Na pedra do caminho

E agora José, que faremos?

Paremos o mundo meu irmão

Vamos tomar um café

Que ninguém é de ferro

O Vinícius vai de uísque 12 anos

...

Que pena... Está passando o efeito do placebo.

A realidade vem vindo.

- Roberto Coradini {bp}