Um anjo na visão da paisagem
- o sol no lugar do coração
Taciturno, melancólico, o velho camponês
herdou o ofício de salpicar sementes na espuma da manhã.
Cansado, agora engole a aridez das pedras
e o amargor das relvas sem vida.
Com o dorso curvado, como o movimento da poeira entre os dias,
arrisca uma prece, com escassa réstia de esperança,
e então seus olhos, dois pássaros confusos e perdidos,
abraçam a figura de um milagre:
- Um menino, com um sol no lugar do coração,
aproxima-se e sorri, iluminando o pomar,
e seu hálito tem o poder das chuvas
e sua palavra é uma benção de fartura.
Brotam então novos dias e a ordem das coisas
experimenta a comunhão com o sagrado.