VITRAIS

Brilhando ao sol de Outono

somos vitrais facetados

que unidos formam flores

e santos de filetes aureolados,

numa profusão de lindas cores.

Vitrais nem sempre burilados,

pedras semi-preciosas letárgicas,

à espera de um ourives

que as engaste numa mágica,

como a origem dos tesouros

das lendas de Ali Babá.

Basta que alguém lhes dê um toque

e desperte ao menos um sentimento

- que em cada peito há.

Pedaços de vida que com arte

num quebra-cabeça têm enfoque

nas premissas de cada tempo:

brincando jogos de criança;

nos sonhos e quimeras juvenis

- até nas verdades de quem parte.

Nos desejos mais ardentes

também esperanças vãs

fazem parte do vitral.

Em nuances mais escuras

mescladas com nuances das manhãs,

que precederam dias de loucuras;

misteriosos meandros, entre riachos,

fogueiras queimando em seus fachos

insanos desejos – ou aquecendo

as agruras de uma vida fria.

De pedaço em pedaço

- numa arte sutil

mesclando o suave lilás

ao amarelo, ao verde e ao anil,

erguemos magníficos capitéis

a sustentar nossos vitrais.

Elaboramos – anos a fio,

uma história única e pessoal

filetada com prata e ouro

retocada pelos ventos do Tempo,

recamada de pérolas e rubis,

aureolada com flores sem igual.

E, se aparece um mentor:

- um verdadeiro tesouro!