Fantasma de mim,
assombra-me a alma.
Rio de ti, és meu santo,
és meu canalha,
és espada erguida.
És peito aberto para o punhal.
O velho instinto bravio.
O que importa a vida,
diante do dever e da missão?
Ao miliciano cabe o alvo.
Que seja obstinação
educada em perseverança,
mas a vontade da alma em chamas não morre.
Foge do combate, mas a luta persegue.
A força está contida, consciência de si,
perdição para a vida cotidiana.
Na memória um cavalo galopa em fúria.
Ninguém vê, mas a águia alça voo.
O leão urra furioso,
o grande urso preto se põe de pé.
Todos estão mortos
e insistem em viver.
O guerreiro quer a sua espada.
Não quer a guerra, mas apenas o confronto.
Não luta pelo resultado, mas pela luta,
despejar sua fúria sobre o adversário,
mostrar o quanto de ira vai num coração.
Explodi-lo em pedaços inúteis,
pois que tudo é inútil, no caos de cada um.
E então ser temido em vez de amado,
causar pânico ao invés de aceitação.
E rir-se do medo, na coragem dos insanos.
E então cobrir-se com estranha capa.
Faz-se soturno, fantasma de si.
Velho filho do raio
a convocar a fúria dos relâmpagos.
E ser honrado pela fúria dos trovões.
E no grito silenciar-se,
aquietar-se.
Calar-se
em fantasma de si...