Acordei sentindo o barulho da chuva
Tão forte que parecia rasgar as folhas dos coqueiros
Um barulho estranho...
Levantei da cama e abri a porta
Um vento forte levantou a camisola
Um calafrio...
No céu umas nuances de fogo...
Senti areia nos meus pés, vindas da beira da praia
Elas pinicavam...subiam pelas pernas
Segui devagar para a praia
Ao mesmo tempo sentia o céu mudando de cor
Olhei pra cima... um susto...delírio...
Descansei os olhos e voltei a olhar
Eram Luas
Várias Luas... contei sete, sete Luas, brancas, prateadas, alaranjadas...
Elas giravam no céu
Um ar tenebroso
Coração acelerado
Um grito preso...
Ventos assombrados
Tentei voltar...corria, mas não saía do lugar
A terra rachava aos meus pés
Abrindo, tentando me engolir
Estava completamente presa em céu aberto
As Luas giravam rápido
Queria meus filhos, tinha que vê-los
O chão os engoliriam
Por que os deixei sozinhos?
As lágrimas rolavam
Era o meu fim?
O que àquelas Luas queriam de mim?
Presa, sozinha e amargurada
Completamente entregue a esta louca madrugada
Pensei em tudo que ainda não havia realizado
Avistando um destino incerto
Havia tanto no caminho a ser descoberto
Agora estava ali
Completamente presa na liberdade de não ir
Um vento forte
Um estrondo
Meu corpo foi ao chão
A força das Luas me derrubaram
Fui sugada por um clarão!
Um toque
Alguém me chamava
Virei chorando e assustada
Era meu filho que me acordava
D'um sonho louco
Seu amor me tirava
O dia estava lindo
No céu azul o sol brilhava
E o barco da foto que tirei
No mesmo canto me observava
Mas olhando ao seu redor
Sete pequenas ondas o cercavam...
Mas olhando ao seu redor
Sete pequenas ondas o cercavam...
(Taciana Valença)
Foto: Taci
Japaratinga AL
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