INSENSATEZ

Nessa vida hipócrita e tudo tão mesquinho

vou navegando por um oceano de labaredas

desbravando terras que desconheço totalmente

se juntando aos povos e regiões inimagináveis

conhecendo culturas surreais, magos astrais...

Com o meu cajado... não esmoreco e não desisto

persisto numa caminhada que não sei bem o que é

escalo montanhas íngremes, conquisto a natureza

inalando o suave aroma e frescor das flores silvestres

espécies de orquídeas tão lindas que nem parecem reais...

A lua é intensa, instigante e esplêndidamente misteriosa

os pássaros gorgeiam com um canto sinistro no breu da mata

galhos secos de árvores distorcidas e disformes... tão mórbidas

a terra, tão úmida e árida ao mesmo momento, é muito estranho

causa impressão de remover-se, se agita em meio a relva molhada...

O canto da coruja soa maquiavélico no silêncio da noite enluarada

um raio ao longe risca o céu com uma rajada de prata iluminada

bem ao longe, bem ao longe... o belo barulho de uma cascata

mas sou atacado com unhas e dentes, por um leão ferido e faminto

e me deparo com a realidade nua e crua, sem tanta insensatez...

Me desprendo desse corpo de carne e osso, mais osso de que carne

e liberto todos os meus medos e anseios, trancados a sete chaves

num baú dourado e antiquado, abro com um rangido vil e sombrio

nesse misto de emoções, desabo num choro sentido e contido

que havia muito tempo que me aflingia, me apunhalava pelas costas...

Bruno Sacilotto
Enviado por Bruno Sacilotto em 25/01/2010
Reeditado em 18/06/2011
Código do texto: T2049253
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