“ A POESIA DO DESCONHECIDO “
Não sei bem o que é, só que me cerca
com tal força que me engole
e me reduz e me deixa sem individualidade alguma.
E que me envolve com um antro de terror e me alucina.
E me nega a existência como a vida de moribundo,
por sobre a terra.
E me é como uma brasa viva que mesmo longe da
chama se recusa a apagar-se e ainda torna-se mais forte.
E como escuridão profunda que é mais
longinqua do que o universo, mas nela brilha e brilha a esperança e
ilumina a imensidão do vazio, e da distância.
E se nega a se resguardar-se do perigo, e se
aventura no frio da noite eterna da galáxia.
E se move e move, como a não pressentir o
perigo do desconhecido trajeto de sua luz.
Não sei bem o que é, mas sei que me é algo,
como com tal força que possui, que emerge do profundo
abismo, que como magma vai por sobre a terra e se
extingue por sobre as águas.
Mas mesmo sabendo do seu imutável destino se
nega a remover-se do seu infeliz caminho.
Não sei bem o que é, mas que me guia e segue-me
por tempestades desconhecidas de direção ou forças,
somente segue-me na esperança de um porto em luz.
Não sei bem o que é, mas sei que é como o vento frio
dos alpes e como a vida dos esquimós sem sombra
de luz, onde não há luz nem calor do dia, mas é
eterna e bela a luz boreal que lhes conduz e assim
mesmo me faz a vida, ser muito mais bela.