Ensaio da lâmina de algodão
Sendo o mesmo que antes, apesar te tudo.
Mentiras descabidas soam como rochas cristalizadas.
O efeito ácido da lâmina pode me trazer o senso.
Lavando a “guerra” até sujar os frutos.
Jazido em contratempo, voa quase mudo.
Hiper-atividade latente no contorno dissimulado.
Sem receio de provocar algum estrago.
Maliciosamente delicado e profundo.
Nem todos são propriamente imundos.
Por que? É como ser azul ao som melancólico,
Limpando a mente quanto a tudo que eu nunca soube.
Gostando do lamento fica-se claro o intento.
As notas persistem na influência por meios sonoros.
Antes do agora só havia o amanhã,
Mas o “ontem” tomou posse de todas as suas riquezas.
Não há processo. Não há rumo. Não há meios.
Por que? Indolente levado pelos dedos.
Melancolia musical que inspira por meios estranhos.
Insistente pensamento de que tudo vai ser como se quer.
A propensão ao fútil não diverge da criatividade.
Dane-se o sentido ou a veracidade.
Regras metódicas não dizem a melhor formação.
Giz no quadro e óculos sobre o nariz.
Viajar sentado, virado, mudo, vazio e vagabundo.
Varia da aliteração para a profanação.
Escrever para que? Note as semelhanças.
Percebo sua falta de raciocínio.
Sobram regras, mas faltam verdades.
Sinceramente, não sei ao certo minha idade.
Incubado pela solidão angustiante.
Solitário no andar cambaleante.
Dito bêbado, vulgo fulano e conhecido beltrano.
Fazer-se de tonto perante todos: solução ou fuga?
Por que? Qual a razão desta conversa?
Qual o sentido da bíblia interior que compõe a compulsão?
Por que? Seriam essas aparências apenas falsos sinais?
Perplexidade não constrói prédios nem me faz crescer.
Idiotizado: julgue a todos, pois todos te julgam (risadas).
Comparecimento é algo que os neurônios de alguns não conhecem.
Enfim, chega o momento da despedida.
Agora a melancolia é a da ida.
Lâminas de algodão pensam melhor sobre o mar.
Intenções? Nada passa de vontade.
Eu sei. A espontaneidade não resolve tudo,
Mas a decisão conta mais que meras palavras.
Oh distração! Eis que aqui terminará a viagem.
O ponto virgulou a penúltima sílaba inacabada.
Tudo que veio do som melancólico virou risada.
Só me resta acorrentar meu queixo ao topo do crânio.
12/07/06