A Outra Peste Negra
E toca o sino mais uma vez. Começou uma nova era.
O ouvimos feroz dentro das muralhas rochosas da catedral.
Ele guia nosso tempo. Ela guia nossa vida.
Já é noite, durma em paz. É inverno, mas não tema.
Raios quentes da manhã envolvem o berçário.
Onde a luz se dá novamente. O segundo se contorce.
Observado à sombra do primeiro, pois este já tem o feudo.
Ó, nascido! Futuro abade. Que o sol o ilumine quando as trevas chegarem.
Apenas pelo destino alcance o trivium, o quadrivium.
E nas frígidas masmorras úmidas, domine o saber erudito.
Nem todos temem ao inferno. Esta doutrina está os alienando.
Sob o pseudônimo de hereges serão subjulgados perante a Deus.
Ecoam os gritos, filhos das ardilosas chamas da Justiça.
Verdade absoluta desliza nas mãos da excomunhão.
Retomem a terra de volta. Vagueiem pelo bosque da morte.
Seja camponês, seja mendigo. Seja pobre, seja criança.
Absolvidos por suas cruzes vermelhas. Derramem seu sangue de mesma cor.
É tudo em nome do Senhor.
Pratiquem o comércio como ratazanas, escondidos atrás de burgos.
Pais do capitalismo, arranquem o poder dos reis. Homem comercial.
A única coisa que lhe importa é sua carta de franquia.
A força não está mais em nossas terras.
Ocidente e Oriente. Comércio e povoamento.
Não cabe mais ninguém nesse reino? Nem mesmo nos pântanos?
Esse frio está nos assombrando. A fome está nos matando.
Padecemos sob a peste que nos assola.
Nem mesmo os nascidos poderosos podem ficar.
O espectro da morte degusta seus cadáveres.
Gritos de agonia soam como cascavéis.
Um período de trevas se estabeleceu. Nuvens negras pairam sobre nós.
Todo medo é inevitável e a vida já não existe mais.
E toca o sino mais uma vez. Terminou-se a nova era.